quarta-feira, 28 de março de 2012


DEPOIMENTO DE PACIENTE E AMIGO.

Uma das coisas que mais me motivam a amar Oncologia, são os depoimentos que recebo. Esse em especial, iniciou por ser paciente, no decorrer do tratamento virou um amigo querido que me ajudou na minha vida particular que, você leitor, entenderá na terceira parte da publicação.

Hoje, nessa primeira parte, vou apresentar a situação: Foi um paciente de Quimioterapia adjuvante, com 65 anos em 2011, Ca de Câncer de Cólon e Médico Cardiologista.

1 PARTE: A descoberta e a corrente do bem.


Se você esta lendo estas linhas provavelmente conhece algum familiar ou amigo com câncer. De coração espero que não seja você com câncer. Se estiver, então você e eu já trilhamos algum caminho juntos.

Tenho 65 anos bem vividos e com muita saúde, apenas alguns resfriados ou gripes ocasionais, nesse sentido até agora fui muito privilegiado pela vida. Algum tempo atrás notei que as minhas fezes tinham mudado de cor, eram mais obscuras, como médico, sei que isso pode ser ocasionado por algum sangramento, “são hemorroidas” pensei. Relutei algum tempo antes de marcar uma consulta com um amigo e colega, ele me aconselhou fazer uma colonoscopia.

Com desânimo aceitei o tal exame que considerava chato e inútil.

No dia da colonoscopia tomei uns comprimidos e apaguei. Quando comecei a novamente  ter consciência vi a minha esposa que me disse que eu tinha que fazer outro exame radiológico em outro local e que ela já tinha marcado e que seria feito imediatamente...nesse momento soube que algo estava errado.

Meia hora mais tarde eu estava em frente a uma imagem que eu já vi tantas e tantas outras vezes, costumava a observar essas imagens com serenidade e critério cientifico, frio talvez. Hoje estava em frente a essas imagens, porem eram minhas imagens!

Observava a silhueta de um tumor não maior que uma bola de tênis. “Pode ser benigno” pensei, as margens nítidas e outras características indicavam esse diagnostico.

Três dias depois o diagnostico anatomopatológico confirmava ADENOCARCINOMA DE COLON.

Parecia que o mundo havia terminado, a minha vida tinha chegado ao fim. Mais rápido do que eu queria. Justamente agora que eu tinha uma vida altamente produtiva, faço o que mais gosto, me dedico à docência, tinha marcado aulas em Colômbia, Argentina, Espanha e Polônia.

Tudo em um segundo acabou.

Nos seguintes dias chorei, gritei, entrei em desespero, briguei com Deus, joguei fora todas as pequenas coisas que eu guardava como meus tesouros. Não as necessitaria mais.

Embora como médico eu soubesse que hoje o câncer tem tratamento, o desespero foi igual. Como médico frente a um paciente você fala de porcentagem de insucesso.

Nós médicos, quando estamos frente a um doente, esprememos nosso cérebro em busca de conhecimento lido algum dia, a experiência aparece forte e tentamos dar o melhor que nós temos. Mais não somos Deuses (embora as vezes acreditássemos nisso) fazemos apenas o que podemos. E quando é nossa vez de sermos pacientes, todos os conhecimentos negativos aparecem e dominam nosso cérebro. Apenas lembramos as coisas negativas da nossa arte, aumentando nosso sofrimento.

Até a segunda parte amigo leitor...
Comentem, mandem sugestões!

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